terça-feira, 6 de março de 2012

CeBIT: Dilma exalta Brasil como ‘terra das oportunidades’ em feira

CeBIT: Dilma exalta Brasil como ‘terra das oportunidades’ em feira:

BERLIM E HANOVER - A presidente Dilma Rousseff fez diferente do presidente americano Barack Obama: em vez de ir à Disney e dizer "estamos abertos aos negócios", ela veio à Alemanha e disse a uma plateia de empresários dos dois países que o Brasil é hoje a terra das oportunidades, com estabilidade econômica e mercado consumidor em expansão. Encerrou seu discurso na abertura da CeBIT - que passou a ser a maior feira de tecnologia do planeta após o fim da Comdex americana - dizendo que a combinação da alta qualidade alemã com a flexibilidade brasileira vai ser extremamente benéfica para o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação no Brasil e no mundo.

Diplomática no discurso, Dilma não mencionou nele a tsunami monetária de que se queixou mais cedo, ao se referir à enxurrada de capital de americanos e europeus numa suposta política expansionista em direção ao Brasil. De todo modo, a chanceler alemã Angela Merkel falou da tsunami no seu pronunciamento, dizendo que iria discuti-la com Dilma, e mencionou preocupação com o protecionismo brasileiro.

A presidente brasileira disse na abertura da feira que o povo alemão tem espírito empreendedor e criativo, e ressaltou os avanços do Brasil na área de tecnologia e internet, lembrando que o país já é o terceiro mercado de PCs no mundo e o quinto em telefonia celular. Afirmou ainda que a exportação de software movimentou US$ 2,5 bilhões em 2011, dando destaque ao uso de ferramentas de código aberto pelo governo, e mencionou os 41 milhões de usuários de internet banda larga no país, bem como os 12 milhões de assinantes de TV paga, "um aumento de 30% só no ano passado".

- Até dezembro deste ano, através do Plano Nacional de Banda Larga, ativaremos uma rede de 31 mil quilômetros de fibra ótica que cobrirá as necessidades de metade da população - disse a presidente. - E vamos licitar em maio a tecnologia de quarta geração de telefonia móvel (4G), que em 2013 estará nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo. Além disso, cabos submarinos ligarão o Brasil à América do Norte e à África, o que vai baratear o custo da conexão.

De acordo com Dilma, o investimento estrangeiro só faz crescer no Brasil - chegou a US$ 6 bilhões em 2011 - e a relação com a Alemanha é estratégica há muito tempo; uma relação que permitiu ao Brasil avançar industrialmente na segunda metade do século passado. Nesse ponto, ela converge com altos diretores do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, que trabalha com empresas e instituições alemãs para ajudá-las a exportar mais para mercados emergentes, da América Latina ao sudeste asiático.

- Principalmente as pequenas e médias empresas de tecnologia, para as quais preparamos um banco de dados especial na internet sobre esses mercados e temos mais de 120 câmaras de comércio em 80 países - explica Jurgen Scheller, diretor da Divisão de Comércio Exterior em TI do ministério.

Se para a presidente Dilma o Brasil tem condições de ocupar "uma posição de destaque na tecnologia da informação, como já ocupamos em energia, combustíveis renováveis e agricultura", os alemães só fazem concordar. Mas lembram, como lembrou Volker Berresheim, diretor da Divisão de Relações Econômicas com Países e Regiões do Ministério das Relações Exteriores alemão, que seus conterrâneos já estão investindo no Brasil há tanto tempo que de vez em quando é preciso lembrar que eles precisam ver seu lado também (outra alusão ao protecionismo nacional). De forma bem-humorada, Berresheim encerrou um encontro com a imprensa com uma comparação que ilustra as boas chances de uma parceria com os brasileiros dar certo:

- Afinal de contas, o alemão mais rico (de longe o mais rico) é também o brasileiro mais rico: Eike Batista - brincou, fazendo alusão à origem alemã do empresário brasileiro (a mãe de Eike nasceu em Hamburgo e ele passou na juventude um bom tempo no país, além de na Suíça e na Bélgica). Eike é o homem mais rico da América do Sul, com fortuna avaliada em mais de US$ 30 bilhões (R$ 54 bilhões), segundo a Forbes.com.

*O repórter viajou a convite do Consulado Geral da Alemanha no Rio

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